FLASH DA EMPRESA
Forjas Taurus: retorno dizima risco!
Data: 23/05/01
Preço do PN por 1000 ações: R$0,57 Número de ações: 86590,00 MM
Setor: Segurança Militar e Civil Produtos/Serviços Principais: Armas leves, capacetes para motociclistas, ferramentas manuais.

A proibição de vendas de armas ao público no Brasil teria forte impacto no preço da ação. Este risco afaste a possibilidade de qualquer forte valorização no preço da ação no médio prazo.

Para investidores de longo prazo, no entanto, o risco é bem menor, sendo praticamente absorvido por um retorno no investimento que, no pior cenário, é de 19% a.a. - uma taxa excelente. Recomendamos.

                                                (dólares ajustados)
              
Ano                  1993  1994  1995  1996  1997  1998  1999  2000 2001P
=========================================================================
Receita Líqüida US$MM  86   110    85    75    81    90   102   106     -
Lucro Líqüido US$MM     6     9    -1     1     6    11    15    13    17
Pat. Líqüido US$MM     71   102   109    98    95    94    98    96   109
-------------------------------------------------------------------------
Lucro/Pat. Líq. %     9.2   8.5  -0.6   0.9   5.9  11.3  15.7  13.1  16.0
Preço/Lucro x         4.4   6.6     -  23.8   3.3   1.6   2.3   1.8   2.0
Preço/Pat.Líq. %     41.0  56.0  20.5  20.4  19.5  18.2  35.6  23.9  33.0
Margem Líqüida %      7.5   7.9  -0.8   1.1   6.9  11.9  15.2  11.8     -
Yield (Divi/Preço) %                                                 14.0
Payout (Div/Lucro) %                                                 27.4
Liqüidez Corrente x     -     -     -     -     -   2.7   2.6   3.0     -
Div.Líq./Pat.Líq. %     -     -     -     -     -   5.0   5.0   3.0     -
-------------------------------------------------------------------------
P - Projetado         Retorno/Patrimônio Liq baseado no ultimo PL disponível do ano (e não do
inicio  do ano); Preço/Lucro baseado no fim do ano para períodos encerrados e no preço atual
para períodos não encerrados; dados até  31/12/98  convertidos  em  US$ pelo câmbio do fim do
ano em questão, dados a partir de 31/12/98 convertidas pelo câmbio do 31/12/98 (US$1=R$1,21),
após reajustamento pela inflação. Somente as receitas e os indicadores financeiros se referem
aos balanços consolidados.

Pense capacete

Pensou 38, pensou Taurus! O "brand" da empresa é forte. E pensou Taurus, pensou 38? Pode ser, mas a realidade está mudando. No primeiro trimestre de 2001, a venda de capacetes para motociclistas gerou quase tanto lucro quanto a venda de revólveres e pistolas. Criaram até uma empresa para cuidar do produto.

P/L de 2!

Isso é importante porque reduz o impacto na empresa de qualquer medida de restrição a venda de armas no Brasil. Mesmo assim é exatamente esta ameaça o principal fator segurando a ação da empresa.

Se não, como explicar um P/L de 2,0 quando a empresa teve um retorno (anualizado) sobre o patrimônio liqüido de 16% no primeiro trimestre deste ano? Sem falar em caixa líqüida e altíssima liqüidez corrente. É certo que o baixo volume de negociação da ação não ajuda (média de 5 transações diárias no último mês), mas também não justifica um desconto tão grande.

Risco vago, desconto preciso

Não sabemos avaliar com precisão o risco regulatório enfrentado pela empresa. Em contrapartida temos todas as condições de medir o desconto oferecido pela ação. Vamos começar a análise por este lado. Mas antes vamos rever as conclusões do nosso último estudo e descrever a empresa.

Cadê o ganho?

Voltamos à Forjas Taurus após pouco mais de um ano. Previmos em nossa análise de março 2000 um ganho de capital de 40% até o fim daquele ano. Não aconteceu. Mas, juntando ganho de capital e dividendos, qualquer um que tenha seguido nossa recomendação teve um retorno de 30% até hoje.

Não é a mesma coisa mas não é ruim. Sem os esforços regulatórios do Congresso certamente o resultado teria sido melhor.

Com poucas alterações, transcrevemos a seguinte descrição da empresa de nosso estudo anterior:

Galpão de 10m2 ...

A história da companhia começou em 1937, num galpão de 10m2 em Porto Alegre, com João Kluwe Jr e companheiros fabricando "ferramentaria e dispositivos". Foi somente após o fim da Segunda Grande Guerra que a firma iniciou a fabricação de armas.

Após passar pelo controle estrangeiro, foi renacionalizada pela Polimetal no fim dos anos 70. A subseqüente aquisição das fábricas no Brasil da IFESTEEL da Inglaterra e da Beretta da Itália trouxe know-how, capacidade e marcas.

... Vira grupo internacional

Em 1983 foram criadas Taurus Blindagens no Brasil e Taurus International Manufacturing em Miami. Em 1986 apareceu Taurus Ferramentas e 10 anos depois Tauron, um "joint venture" com um sócio estrangeiro. Uma aliança em 1997 permitiu o uso da marca da Rossi para revólveres. E em 1998 a controladora Forjas Tauras iniciou o fornecimento de autopeças e serviços de forjaria e tratamento térmico.

De armas a alicates

Taurus Blindagens (capacetes para motociclistas e outros, escudos anti-tumultos, coletes à prova de balas, etc.), com 50% do mercado doméstico de capacetes é a controlada mais importante e mais rentável do grupo. No primeiro trimestre de 2001, a subsidária apresentou uma margem líquida de 44%!

Em segundo lugar vem Taurus Ferramentas (alicates, chaves de fenda, etc.) que possui 10% do mercado de ferramentas manuais. E em terceiro lugar vem Taurus Holding de Miami cuja controlada principal é a Taurus International Manufacturing (fabricação, importação e distribuição de revólveres e pistolas).

Em 2000, 63% das receitas da controladora vieram das exportações, principalmente para Taurus International Manufacturing. E todo o faturamento da Taurus Holding e sua subsidiária é em dólar.

Administradores controlam

Através de Polimetal, que detém 84% do capital votante da Forjas Taurus, o Presidente do Conselho Luis Fernando Costa Estima e o Diretor-Presidente Carlos Alberto Paranhos Murgel controlam o grupo.

Atratividade dobrada

Analisando a tabela de dados, verificamos que, apesar de o preço/patrimônio atual da ação da empresa se encontrar na média dos anos de lucros (excluímos 95 e 96), o P/L para 2001 está 40% abaixo de sua média, e o retorno 50% acima de sua média.

Embora as médias considerem somente o fim de cada ano, há forte evidência que a ação, em termos relativos, está pelo menos metade de seu valor histórico.

Crime se paga

Agora entra em ação o Método de Fluxo de Caixa Descontado. Recalculamos as taxas históricas de crescimento de vendas e lucros. Baseados em dados parciais ajustados, cobrindo 15 anos, temos vendas crescendo a 7% a.a. e lucros a 12% a.a. Uma folha corrida muito boa.

Fora o cenário de controles sobre vendas domésticas de armas, não há razão de prever qualquer desaceleração nos próximos anos. Pelo contrário, crescente preocupação com crime no Brasil, e exportações impulsionadas pelo real em queda, devem ajudar manter o ritmo de expansão.

Adotamos a taxa conservadora de 8% a.a. para lucro (e dividendos) para os próximos 10 anos, e 5% a.a. para os anos subseqüentes. E usamos como taxa de desconto sem risco a TJLP de 9,25%. Para nossa base de lucro calculamos a média do lucro em reais dos últimos 3 anos. Conjugando tudo, obtemos um valor intrínseco para a empresa de R$143MM. É quase três vezes o valor de mercado atual de R$49MM. É isso que é "margem de segurança"!

Limite do risco

Não dá para precisar o nível de risco. Mas dá para dimensionar seu limite. Um cálculo grosseiro indica que a venda de armas no Brasil foi responsável por cerca de 20% do lucro em 2000. Se reduzirmos o valor intrínseco por 20% o resultado, neste cenário extremo, ainda é bem mais que o dobro do valor do mercado. E notem que 50% das vendas vão para órgãos públicos e dificilmente seriam afetadas.

É certo que existem cenários mais complexos. Por exemplo, se se proibir a venda de armas no Brasil há possibilidade dos Estados Unidos, um exportador de armas, retaliar, restringindo as importações brasileiras. Pode-se também proibir a fabricação de armas no Brasil. Mais isso é tentar ver longe demais.

Risco no médio prazo, retorno no longo prazo

Com um yield de dividendo de 14%, e o dividendo crescendo a 8% a.a., o investimento na empresa gera um retorno anual de 22%. Isso se a posição atual se mantiver. No cenário extremo do fim das vendas no Brasil, o retorno - com o yield caindo para 11% - ainda é de 19%.

Certamente, investidores de médio prazo correm um risco moderado. A proibição de vendas ao público no Brasil teria forte impacto no preço da ação. (Mas ver as últimas noticias no fim.)

Assim, apesar da provável continuação da tendência de valorização gradual observada nos últimos meses, acreditamos que o risco afaste a possibilidade de qualquer redução significante no desconto oferecido pela ação.

Para investidores de longo prazo, no entanto, o risco é bem menor, sendo praticamente absorvido pelo excelente retorno previsto.

______________________________

Últimas notícias: O colega Benny Wegbrayt chamou nossa atenção para o fato que o projeto propondo a proibição da fabricação e venda de armas no país, que tinha o apoio do governo, foi derrubado dia 22 na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, em favor de um projeto estabelecendo mais restrições para a posse de armas.