Recomendações A&R: Melhores resultados de 20 anos

I - Os Resultados

50% acima do Ibovespa

Mais uma vez pesquisamos o desempenho das recomendações feitas a partir de nossos Raio-X (ex-Flash), análises detalhadas orientadas pelas idéias de Benjamin Graham e Warren Buffet. E mais uma vez nos nos surpreendemos com os resultados. Até a data do estudo, o ganho médio nominal das ações recomendadas em 2001, incluindo dividendos, foi de 36%, ultrapassando a queda média do Índice Bovespa, nos mesmos prazos, em 43%.

Mais impressionante é a consistência com que batemos o Índice nos últimos anos. Uma pesquisa semelhante de junho 2001, que abrangeu as recomendações de 2000, mostrou o mesmo diferencial positivo de 43%. E a pesquisa de agosto 2000, cobrindo 1999, encontrou um ganho adicional de 65%. A média da margem dos três estudos, com respeito do Índice, é de 50%.

Apresentamos os últimos resultados abaixo:

Empresa             Data da      Ganho da Ação  Ganho do Ibovespa
                  Recomendação   até 26/04/02    no Mesmo Período
                
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GERDAU MET         02/02/01           55%              -23
MAGNESITA          20/04/01           -7%               -4
FORJAS TAURUS      23/05/01           82%              -11
VALE DO RIO DOCE   19/07/01           27%               -5
TELESP FIXA        05/11/01           25%               +7
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Ganho Médio                           36%              -7%        
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II - Critérios e Comentários

Entra Forjas; barradas Alpargatas, Marcopolo e Guararapes

Como o horizonte das recomendações varia de 6 meses a 5 anos, há a questão de onde começar e onde terminar o estudo. Como já pesquisamos as recomendações de 1999 e 2000, concentramos no ano de 2001. A Forjas Taurus, já pesquisada em 2000, foi mais uma vez pesquisada em 2001. Isso acontece porque a empresa foi re-analisada e re-recomendada no ano passado. Ignoramos a Guararapes, avaliada menos de um mês atrás.

E há a questão do nível de recomendação. Só incluímos na pesquisa análises onde especificamente usamos a palavra "Recomendamos". Assim Alpargatas e Marcopolo ficaram de fora.

Maior liquidez, menor quantidade

É notável que a pesquisa compreendeu somente 5 empresas, comparada com 11 na pesquisa de 2000. A redução é uma função, tanto da inexistência de nova matéria prima de qualidade, quanto de uma diminuição de nosso esforço de pesquisar.

Em contrapartida, enquanto todas as ações na pesquisa anterior, com a exceção da Itaúsa, foram de terceira linha, na pesquisa atual a maioria é de primeira e segunda linha. É evidência que descontos não são função, unicamente, de iliquidez de negociação.

Telecoms ajuda com a ausência

Devemos reconhecer que nossa performance, relativa ao Índice Bovespa, foi facilitada pelo péssimo desempenho do setor de telecomunicações, de grande peso no Índice. Em termos de dólares, o segmento de telefonia fixa perdeu 36%, e o segmento de telefonia celular 50%, desde o início de 2001.

Em contrapartida, foi exatamente os ensinamentos de Value Investing que nos mantiveram, com poucas exceções, afastados deste setor perigoso.

Horizonte de retorno pessimista demais

Recomendações de sucesso não se traduzem, automaticamente, em dinheiro em caixa. É necessário comprar as ações em questão, e vendê-las em uma época apropriada.

Embora estabeleçamos um horizonte máximo de investimento de 3 a 5 anos na maioria dos casos, as pesquisas mostram que normalmente podemos esperar um bom retorno dentro de pouco mais de um ano. Por outro lado, não pesquisamos a vantagem, ou desvantagem, de manter as ações em carteira por um prazo maior.

III - As Conclusões

Melhores resultados de 20 anos

Três anos de excelentes resultados não são prova definitiva da validez da abordagem de Value Investing. Mas cada vez mais a evidência se acumula. Nunca, em 20 anos de investimento, obtivemos resultados parecidos. E só conseguimos estes resultados após aplicar as lições de Benjamin Graham e Warren Buffet.

Pouca matéria prima

O afunilamento do leque das oportunidades nos preocupa. Em condições de mercado normais, o Value Investing rejeita a grande maioria das ações. E como nosso mercado, já pequeno, continua a se contrair, sobra pouca matéria prima. Há sempre a possibilidade que uma forte queda no mercado gere novas oportunidades. Mas é muito limitador depender de um evento relativamente raro.

Retorno de 30% difícil, mas não irreal

Dá para manter um retorno nominal de 30% p.a. ou mais? É interessante observar que esta cifra não é totalmente fora da realidade das análises que apoiam as recomendações. É comum concluirmos que podemos esperar um retorno nominal de longo prazo no investimento de por volta de 20%, sem considerar qualquer redução no desconto identificado.

Se adicionarmos à equação uma redução no desconto, e subtrairmos o efeito das ações que eventualmente não apresentem o desempenho esperado, ficamos com um retorno médio de longo prazo nominal acima de 20% p.a.

Agora, a possibilidade de chegar à taxa de 30% p.a., no longo prazo, depende da viabilidade de sempre encontrar na bolsa, tipicamente, uma meia dúzia de boas empresas crescendo a 13% p.a., em termos reais, que oferecem um yield de dividendo de 7% e um desconto de pelo menos 40%. São condições difíceis de garantir, mas não totalmente irreais.

Queda geral alavanca ganhos

No curto e médio termo, no entanto, há sempre o perigo que uma queda geral no mercado leve junto as ações de boas empresas, prejudicando o retorno de um ou outro ano. Felizmente, os baixos preços que reduzem os ganhos de curto prazo também permitem alavancar ganhos futuros. É para este tipo de situação que mantemos uma boa reserva na renda fixa.

29/04/02

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